Turismo

Fortalecimento Muscular - O Alicerce Invisível para Corredores

Apesar de ser uma das práticas físicas mais populares e acessíveis, a corrida, quando executada sem o devido preparo muscular, pode se tornar um risco à integridade física do praticante. É cada vez mais evidente, com base em evidências científicas e experiências práticas, que o fortalecimento muscular não é apenas um complemento ao treino de corrida, mas uma base essencial para o desempenho, a longevidade esportiva e a prevenção de lesões.

Durante minha atuação como oficial temporário de Educação Física no Exército Brasileiro, em Belém do Pará, tive a oportunidade de aplicar, na prática, essa compreensão. Naquele período, conduzi o treinamento físico militar de diversas turmas e implementei uma rotina consistente de fortalecimento muscular associada à preparação aeróbica. Os resultados foram expressivos: os índices de desempenho no Teste de Aptidão Física (TAF) melhoraram consideravelmente e, mais importante, houve uma redução clara nas ocorrências de lesões e nas faltas por problemas físicos durante as sessões de treinamento. Essa vivência reforçou algo que já acreditava na teoria: o corpo forte corre melhor, se recupera melhor e se lesiona menos.

Estudos do American College of Sports Medicine (ACSM) indicam que até 75% das lesões em corredores recreativos estão relacionadas ao uso excessivo de estruturas musculares e articulares sem o preparo adequado. Esse tipo de lesão é silencioso: vai se acumulando com o tempo, até que o praticante precise parar. O treinamento de força atua diretamente contra esse ciclo, ao promover estabilidade, resistência e controle motor.

Um estudo publicado no British Journal of Sports Medicine reforça essa prática, mostrando que corredores que mantêm rotinas de fortalecimento reduzem pela metade o risco de lesões relacionadas ao impacto. Já a Journal of Strength and Conditioning Research aponta melhorias significativas na economia da corrida — ou seja, menos esforço para o mesmo rendimento — em atletas que realizam trabalho de força regularmente.

A ausência do fortalecimento, por outro lado, abre caminho para uma série de lesões. É comum observar casos de síndrome da banda iliotibial, condromalácia patelar, canelite, tendinite de Aquiles e fascite plantar em corredores que ignoram o trabalho de base. Na prática, essas lesões estão frequentemente ligadas à fraqueza em grupos musculares como glúteos, quadríceps, core e panturrilhas — regiões fundamentais para uma biomecânica segura na corrida.

Minha experiência com os militares, que tradicionalmente encaram a corrida como atividade central da aptidão física, foi reveladora: ao inserir o treinamento de força como parte estratégica da preparação física, o corpo se mostrou mais adaptado à carga, o rendimento cresceu e a incidência de afastamentos por dor ou lesão despencou. Isso reforça a importância de olhar para o corpo de forma integrada, treinando-o não apenas para correr, mas para sustentar o próprio movimento com eficiência.

Não se trata apenas de correr mais rápido ou por mais tempo — trata-se de correr com qualidade. A musculatura, quando bem preparada, absorve melhor os impactos, corrige compensações e estabiliza articulações frágeis. O corredor que fortalece seus músculos não apenas melhora seu desempenho, mas protege o que tem de mais valioso: a sua saúde física.

Ao longo da minha formação acadêmica e da prática profissional, tanto em contextos civis quanto militares, ficou evidente que o fortalecimento muscular é o verdadeiro alicerce da corrida bem-sucedida. Correr com inteligência exige um corpo pronto, estruturado e fortalecido. E isso não se constrói apenas com quilômetros percorridos, mas com estratégia, constância e consciência corporal.

Por: Mariano Gomes de Oliveira Junior
CREF 005389-G/PE – Profissional Bacharel e Licenciado em Educação Física (2012), Pós-graduado em Gestão de Pessoas e Gestão Pública



Voltar